Na verdade, não é só o modelo do Campbell que se usa nas histórias... São modelos diversos que a gente vê por aí, se repetindo nas histórias.

Este modelo que usaram nesse animê dos Vingadores também é um "modelo" que se repete... Um modelo oriental. A revista Neo Tokyo chama este modelo de "espetinho de desafios". Tem uma matéria nessa revista sobre esse modelo oriental também... O modelo que eles utilizam nos animês.

Pensem num "espetinho". Cês já devem ter comido espetinho de carne. Pensem nos pedacinhos de carne enfileirados um após o outro no espetinho... Acho que vocês vão entender o que a revista Neo Tokyo quis definir como "espetinho de desafios". Uma pena que eu não tenho mais a revista. Quando enjoei de animês e doramas, me desfiz de toda a minha coleção. T^T

Mas dá pra comparar vários animês uns com os outros e ver certas repetições que se enquadram dentro de um modelo também.

Tem um tempão que eu lí essa matéria sobre o modelo que é usado repetidamente pelos orientais na hora de criar as histórias dos mangás/animês, então, já esquecí a maior parte do que lí, mas o que eu guardei na minha mente foi essa referência que eles fizeram ao "espetinho de desafios".

Vou tentar falar do que eu consigo me lembrar, o que ficou guardado na minha cabeça, porque o resto eu esquecí. >.<

Segundo a matéria, as histórias dos mangás/animês shonen (os que se destinam a meninos) se baseiam num esquema que - eles chamaram - de "espetinho de desafios".

Primeiro pense num espetinho. Depois pense em cada um dos pedacinhos de carne enfileirados, um após o outro. Agora pense que cada um desses pedacinhos representa um "desafio" enfrentado pelo herói.

Tipo, o herói começa numa trajetória retilínea (a do espetinho), em que ele ainda não desenvolveu suas habilidades, certo? Em seguida, ele enfrenta um desafio (que é representado pelo primeiro pedaço de carne), suas habilidades se desenvolvem, ocorre uma explosão dessas habilidades (representado pela curva da carne) durante sua primeira batalha e tal, e em seguida - acabou a carne, ele volta à trajetória retilínea (do espetinho), onde ele descobre que, o que ele sabia era pouco, que ele ainda precisa desenvolver uma outra técnica power se quiser alcançar o ápice, então, ele enfrenta um outro desafio (mais outro pedaço de carne), que vai aumentar ainda mais suas habilidades, desenvolver mais o seu poder e PUF! ele conclui sua luta e volta à trajetória retilínea (do espetinho), quando ele descobre que ainda há outras habilidades que precisa desenvolver e então parte para outro desafio (outro pedaço de carne), no qual ele vai desenvolver mais seus poderes e assim por diante, até chegar ao Gran Finale, quando, após o último desafio, ele finalmente volta à trajetória retilínea permanentemente, pois alcançou o nível máximo no seu último desafio (o último pedaço de carne). xD

Era mais ou menos isso que eu lí. Este é o modelo oriental para os animês/mangás shonen. Mas o cara da revista explicava bem melhor e com muito mais detalhes, é claro.

Agora estamos falando a mesma língua. /o/

Era isso o que eu queria dizer desde o início: tem clichê em tudo, seja nas HQs, seja nos mangás e animês, seja nos livros e filmes de fantasia. Até aí nós concordamos.

Aí eu prosseguí, dizendo que, apesar de saber que existem esses "modelos pré-fabricados" para tudo, algumas dessas histórias continuam sendo boas, legais e divertidas, ou seja, elas seguem um "modelo" mas não deixam de ser boas por causa disso.

Esses animês que vocês citaram, por exemplo, eu gosto deles! Eles tem clichês? Sim. Seguem um modelo. Mas ainda assim, são BONS e me divertem (ou divertiam, porque eu não estou mais ligada no universo nipônico há anos!) xD

Acontece o mesmo com esses heróis americanos. Acho que eles não deixam de ser bons só porque seguem um modelo.

No post em que eu coloquei o texto com a Jornada do Herói, de Joseph Campell, o autor citou dois livros famosos que seguem este modelo específico: um é o Harry Potter e a Pedra Filosofal, o outro é o Hobbit. Ele foi descrevendo o passo-a-passo dessas duas histórias para mostrar como elas seguem o modelo...

E mesmo assim alguém ainda duvida que, tanto o Tolkien quanto a Joanne Rowling são escritores geniais que conseguiram escrever histórias deliciosas que nos impressionaram? Acho que ninguém. Creio que é de concordância geral o bom trabalho feito por esses dois escritores.

Por fim, o problema não está em se usar um modelo para fazer alguma história (seja ela HQ, mangá, animê, livro ou filme), o problema é usar MAL esse modelo. Escrever algo ruim.

Pode ser que você só esteja saturado. Tipo, você gostava, mas seguiu a coisa por tanto tempo, que acabou saturando, perdeu a graça para você.

É o que acontece comigo em relação aos animês e mangás shonen e também os doramas: eu saturei. Eu acompanhei essas coisas por tanto tempo, que saturei. Agora eu não aguento nem ver sinal disso tudo! xD

Enfim, não é que o negócio seja ruim, é só que você já esgotou a sua cota: já está saturado do modelo. Mesmo as melhores coisas também enjoam. xD

Beeblebrix, se não me engano, na matéria que eu lí (há anos) dizia-se que, no modelo norte-americano, havia um clímax nas aventuras do herói  ao final da história, quando ele vencia seu oponente e terminava tudo bem.  

Já no modelo "espetinho de desafios" (o modelo oriental), você não teria (ou teria, só que menos enfatizado? Não me lembro!) esse clímax no final da história, o que acontece são várias etapas que vão sendo vencidas gradualmente e isso diminui o impacto de um clímax no final.

Queria ainda ter aquela revista Neo Tokyo e poder reler a matéria. Mas acho que a Lumi e o Malkav vão te explicar melhor.